Zelensky recusa proposta de Trump e descarta reconhecer domínio russo na Crimeia
Plano de paz de Donald Trump incluiria reconhecimento da Crimeia como parte da Rússia, mas presidente da Ucrânia afirma que isso é inegociável e inconstitucional.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que não aceitará nenhuma proposta de paz que envolva reconhecer a Crimeia como território russo, rechaçando uma condição central de um plano elaborado por Donald Trump para encerrar o conflito na região. A negativa acontece mesmo diante da pressão dos EUA para um acordo.
Detalhes do ocorrido
De acordo com reportagens americanas, o plano de paz de Trump incluiria o reconhecimento formal da Crimeia como parte da Rússia. Para o ex-presidente dos EUA, a península foi “perdida anos atrás” e “nem sequer faz parte da discussão” atual. No entanto, Zelensky reforçou que a soberania ucraniana sobre a Crimeia é inegociável. "Não há nada a discutir aqui. Isso é contra a nossa Constituição", declarou o presidente
A Constituição da Ucrânia, em seu Artigo 2, determina que o território nacional é indivisível e inviolável, e qualquer mudança em suas fronteiras precisa ser aprovada por referendo nacional e pelo Parlamento.
O plano ainda não foi oficialmente divulgado, mas inclui outras exigências controversas para Kiev. Relatos indicam que a proposta também congelaria o atual domínio russo sobre 20% do território ucraniano, especialmente nas regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia. Em troca, a Ucrânia receberia garantias de segurança apoiadas por países como Reino Unido e França (mas não pelos EUA), e poderia ingressar na União Europeia — embora sua entrada na Otan estivesse proibida.
Além disso, os EUA assumiriam o controle da usina nuclear de Zaporizhzhia e um acordo econômico sobre mineração seria fechado até sábado (26). As sanções americanas contra a Rússia também seriam suspensas.
A Crimeia foi anexada pela Rússia em 2014, após uma operação militar e um referendo amplamente considerado fraudulento pela comunidade internacional. Desde então, a península se tornou símbolo da resistência ucraniana. Em 2022, a Rússia lançou uma invasão em grande escala ao restante do país, agravando o conflito. Para os ucranianos, ceder a Crimeia significaria legitimar a ocupação russa e abrir precedente perigoso para o direito internacional.
Putin afirma que a Crimeia é parte da história russa, alegando um "vínculo inquebrável", enquanto líderes ucranianos e representantes tártaros, como Refat Chubarov, insistem que a península é parte integral da Ucrânia e lar histórico do povo tártaro, que foi expulso durante a era soviética.
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