Mesmo após 137 anos da abolição, racismo bate recorde de denúncias no Brasil
Entre janeiro e novembro de 2024, o Disque 100 registrou mais de 5,2 mil casos de racismo — quase 300% a mais do que em 2021

No mesmo dia em que se completam 137 anos da assinatura da Lei Áurea, o Brasil enfrenta um paradoxo histórico: embora a escravidão tenha sido formalmente extinta em 1888, o racismo continua presente de forma alarmante no cotidiano da população.
De janeiro ao início de novembro de 2024, o Disque 100 — canal oficial do governo para denúncias de violações de direitos humanos — recebeu mais de 5,2 mil denúncias relacionadas a racismo, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH). Em 2021, esse número foi de apenas 1,4 mil, o que representa um aumento de quase 300% em três anos.
Além disso, o Atlas da Violência 2025 reforça a desigualdade racial no país: das 45 mil mortes violentas registradas em 2023, mais de 76% foram de pessoas negras (pretas e pardas).
A legislação brasileira passou por diversas mudanças desde a abolição, em tentativas de combater o racismo. Entre os marcos estão:
- 1951: Lei Afonso Arinos (Lei 1.390), que considerava o racismo uma contravenção;
- 1989: Lei 7.716, que tipificou o racismo como crime inafiançável, com penas de até cinco anos;
- 2023: Lei 14.532 passou a equiparar injúria racial ao crime de racismo, aumentando penas e abrangência, inclusive para práticas em ambientes digitais e no esporte.
No futebol, a Fifa também adotou medidas mais rigorosas, permitindo punições como a perda de pontos por W.O. em casos comprovados de racismo.
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