Menos de 40% dos alunos do ensino fundamental dizem valorizar professores
Pesquisa inédita ouviu mais de 2,3 milhões de estudantes dos anos finais e revela desafios de acolhimento, socialização e percepção sobre o papel do docente.

Apenas 39% dos estudantes do 6º e 7º anos e 26% dos alunos do 8º e 9º anos afirmam respeitar e valorizar os professores, aponta pesquisa lançada nesta terça-feira (9) pelo MEC, em parceria com Consed, Undime e Itaú Social. O levantamento ouviu mais de 2,3 milhões de estudantes em 21 mil escolas do país, durante a Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas.
Segundo a secretária da SEB/MEC, Katia Schweickardt, a escuta dos adolescentes ajuda a entender que “todos aprendem de um jeito diferente” e evidencia a necessidade de adaptar salas de aula, professores e currículos às especificidades da adolescência.
Acolhimento e socialização
A pesquisa mostrou que mais da metade dos estudantes se sente acolhido pela escola, mas há diferenças entre faixas etárias:
- 6º e 7º anos: 66% se sentem acolhidos; 75% confiam em pelo menos um adulto da escola.
- 8º e 9º anos: 54% relatam acolhimento; apenas 45% confiam em adultos da escola.
Em relação à socialização, 65% dos mais novos afirmam que a escola favorece amizades, enquanto 55% dos mais velhos compartilham a mesma percepção. Entre todos os grupos, cerca de 83% a 84% têm amigos com quem gostam de estar.
Conteúdos e formação
Os estudantes também indicaram quais conteúdos consideram mais importantes para seu desenvolvimento:
- Disciplinas tradicionais: 48% (6º/7º) e 38% (8º/9º).
- Corpo e socioemocional (saúde, esportes, bem-estar): 31% e 29%.
- Habilidades para o futuro (tecnologia, educação financeira): 21% e 24%.
- Direitos e sustentabilidade: 13% em ambos os grupos.
A pedagoga Tereza Perez, da Roda Educativa, alerta que a tentativa de homogeneizar a aprendizagem negligencia a diversidade em sala de aula, podendo gerar evasão e abandono escolar.
O levantamento integra o projeto Escola das Adolescências, iniciado em 2023 pelo MEC, que busca criar políticas públicas direcionadas a estudantes dos anos finais do ensino fundamental, um grupo historicamente pouco assistido por programas específicos no país.
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