Ex-presidente da Coreia do Sul é acusado de provocar Coreia do Norte para justificar lei marcial
Ex-presidente da Coreia do Sul é acusado de provocar Coreia do Norte para justificar lei marcial

O ex-presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol está no centro de uma crise política sem precedentes após promotores afirmarem que ele ordenou o envio de drones militares ao espaço aéreo da Coreia do Norte em 2024. O objetivo, segundo a investigação, seria provocar uma reação do regime de Kim Jong-un para justificar a decretação da lei marcial e assim reforçar seu poder.
Detalhes do caso
A operação teria ocorrido em outubro de 2024, quando drones sobrevoaram a capital norte-coreana, Pyongyang. O ex-presidente esperava uma retaliação que servisse de pretexto para declarar estado de emergência nacional. O plano, no entanto, teria fracassado: o Norte protestou diplomaticamente, mas não respondeu militarmente.
Dois meses depois, em dezembro, Yoon impôs a lei marcial alegando ameaças comunistas internas, sem apresentar provas. A medida durou poucas horas e foi derrubada pelo Parlamento, que abriu um processo de impeachment.
Gravações obtidas pelos promotores mostram militares discutindo ordens diretas dadas por Yoon para a operação com os drones. O ex-presidente nega as acusações e afirma que seu ato foi uma "mensagem de paz" para conter forças "antiestatais".
Prisão e novas acusações
Yoon foi preso em janeiro deste ano e libertado sob fiança em março. No entanto, após novos interrogatórios, promotores pediram um segundo mandado de prisão por abuso de poder, falsificação de documentos, obstrução de funções oficiais e violação da segurança presidencial. A acusação de insurreição ainda está em análise, podendo ser acrescentada posteriormente.
A pena por insurreição na Coreia do Sul pode chegar à prisão perpétua ou até à pena de morte — embora o país não realize execuções há décadas.
Reações e riscos
Analistas consideram a atitude de Yoon extremamente arriscada. “Foi uma medida que colocou o país sob risco de guerra devastadora apenas para manter um regime autoritário”, disse o professor Dan Pinkston, especialista em relações internacionais.
As supostas ações do ex-presidente também teriam sido feitas sem o conhecimento dos EUA ou do Comando das Nações Unidas, o que poderia ter gerado graves consequências diplomáticas.
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